quarta-feira, 15 de julho de 2009

A grande fuga

Correu até o fim da rua. Olhou para os dois lados, com aqueles olhinhos inquietos, cheios de excitação. O coraçãozinho batia afobado, um palmo de coração contraindo ritmado... mas rápido, rápido demais. Como tudo, tão rápido, a eternidade toda no minuto. À frente, o mundo. Todo o mundo, todos os perigos, e estava lá, ele, sozinho... sentia-se tão corajoso por estar ali! Sua pequena aventura o enchia de orgulho.

Lembrou-se de sua promessa. Prometera. Havia dito, havia avisado. Ninguém deu ouvidos. Azar o deles, ah, sim! Não perdem por esperar. Nem vão acreditar quando virem, quando virem o que fora capaz de fazer. Aí eles vão ver só uma coisa. Verão como estavam errados, todos, tão errados! Pobres deles.

Pobrezinhos. Sua mãe ficaria preocupada. Sabia que ficaria... e na rua adiante tinha um cachorro enorme. Correria atrás dele quando passasse? O que ele faria? Não conseguiria fugir rápido o suficiente... Seria o caso para uma luta? Teria chances? Precisaria de um banho. Mas onde? E o leite com chocolate antes de dormir... onde dormiria?

Coitadinhos deles, não fizeram por mal. Achava mesmo que já tinha ido longe o bastante, todos já tinham visto do que era capaz. Poderia conceder agora... o perdão. Esperaria mais um pouco. Ninguém viria atrás dele? Estava esperando já fazia bem uns cinco minutos. Será que o tinham visto sair? Ninguém sentira sua falta? Era um latido aquilo? Daqui a pouco ia escurecer...

Desfez a trouchinha que levava ao ombro, abriu o chocolate e voltou para casa; quando chegou o chocolate já havia terminado e levou uma bela bronca por comer doce antes do jantar. Já pro banho, menino!

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